Apocalipse 21
A Santa Cidade. 21:1 – 22:5.
Chegamos agora à revelação final que nos é dada nas Sagradas Escrituras, um clímax glorioso para tudo quanto Deus inspirou os homens a escreverem para a edificação do Seu povo através dos séculos. Nesta passagem passamos do tempo para a eternidade. O pecado, a morte e todas as forças antagônicas a Deus foram para sempre aniquiladas. Muitos estudantes da Palavra estão convencidos de que aquilo que temos nesta última seção (não me refiro aqui ao epílogo) é uma descrição do lar eterno dos redimidos em Cristo.
É provável que não se identifique com o céu, mas certamente deve ser o que as Escrituras apontaram antecipadamente – a Cidade de Deus, a Nova Jerusalém, a Sião que é de cima. Ninguém deve ser dogmático aqui quanto ao que deve ser interpretado simbolicamente e o que deve ser aceito literalmente. Diferentes mestres, com igual devoção à divina autoridade das Escrituras, têm diferentes opiniões quanto a hermenêutica desta grande passagem. Até mesmo Lang, normalmente um literalista, insiste sobre o forte simbolismo da passagem e declara que "o motivo do emprego dos símbolos pode ser o simples fato de que não há outro meio de criar em nossas mentes qualquer justo conceito de realidade" (Op. cit., pág. 369).
Apocalipse 21
A Origem e Natureza da Cidade. 21:1-8.
1. Esta famosa descrição, igual à qual não se encontra em nenhuma outra literatura do mundo antigo, começa com a declaração de João de que ele viu um novo céu, e uma nova terra. São duas as palavras gregas traduzidas para novo no N.T., neos e a que foi usada aqui, kainos, sugerindo "vida nova brotando do velho mundo corrupto e destroçado" (Swete). Portanto, esta passagem não ensina que os céus e a terra estão sendo agora criados como da primeira vez, mas que possuem um novo caráter. (Para outros usos da palavra veja Mt. 27:60; II Co. 5:17, etc., e algumas excelentes observações sobre estas duas palavras gregas em Synonyms of the New Testament, de R.C. Trench, págs. 219-225).
Quanto à declaração de que não existirá mais o mar, ninguém interpretou esta afirmação de maneira mais sensata do que o próprio Swete: "O mar pertencia à ordem do que já passou. Desapareceu porque, na mente do escritor, está associado com idéias que discordam com o caráter da Nova Criação. Pois esse elemento de inquietação, esta causa frutífera de destruição e morte, este divisor de nações e igrejas, não teria mais lugar em um mundo de vida sem morte e paz ininterrupta".
2. Agora João descortina a cidade santa . . . que descia do céu, da parte de Deus. Tal como a Jerusalém de antigamente era chamada "a cidade santa", a nova Jerusalém também foi assim designada; só que desta vez a palavra descreve realmente o verdadeiro caráter da habitação dos redimidos. A santidade, grande atributo divino, tem sido o alvo divinamente estipulado para o povo de Deus desde o princípio. É significativo que nossa habitação eterna seja chamada de cidade, mesmo no V.T. (Sl. 48:1, 8; Hb. 11:16).
C. Anderson Scott, em um notável capítulo sobre este aspecto da habitação dos bem-aventurados, disse com acerto:
"Uma cidade é em primeiro lugar a ambição e depois o desespero do homem . . . Os homens se orgulham de uma cidade; chamam-se segundo o seu nome; esquecem-se no seu poder e esplendor, e contudo nas mãos dos homens, a cidade se transforma em um monstro que devora seus filhos. Mal nos atrevemos a olhar para os montes dos despojos da humanidade desgastada cuja riqueza tem sido extraída, para a miséria e o vício em cima do qual a maior parte do seu conforto e esplendor repousam. Todo o nosso esforço, legislação, filantropia e religião, parecem falhar lamentavelmente na tentativa de resolver os males inseparavelmente relacionados com uma grande cidade. No entanto Deus prepara uma cidade para nós. O instinto de buscar uma vida em comum, de formar uma teia complicada de simpatia e dependência mútuas, que uma cidade representa, é afinal uma coisa verídica, e a oportunidade de se exercitar aquilo que é essencial tanto à verdadeira felicidade do homem quanto w pleno desenvolvimento dos seus poderes. 'Não é bom que o homem esteja só'; também não é bom que uma família esteja só, nem um grupo de famílias; e esta visão nos mostra 'um evento divino no longínquo futuro' realizado na vida corporativa da humanidade, em uma sociedade tão grande que nenhum dos filhos de Deus fica de fora, e no entanto tão compacta que poderia melhor ser descrita como a sociedade daqueles que habitam em uma única cidade" (The Book of Revelation, págs. 308-310).
Que a Cidade Santa descia do céu parece implicar que não é idêntica ao céu. Aqui há uma frase que tem sido desprezada com muita freqüência – ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Uma vez na vida a mulher tem o direito de ser extravagante, uma vez ela se prepara com o máximo cuidado e se veste tão elegante, linda e atraentemente quanto pode – no dia do seu casamento. Até as jovens que não são particularmente belas ouvem o que se diz delas, quando caminham pela nave da igreja em direção do altar para a cerimônia nupcial: "Como está linda!" Assim como a noiva se enfeita para o seu marido, Deus vai adornar e embelezar esta cidade para os Seus amados.
Todas as coisas lindas que Deus tem criado neste mundo – pores-de-sol, montanhas, lagos, rosas, lindas árvores, flocos de neve, nuvens e quedas de água! Qual não será a cidade construída pelo Arquiteto Divino! (Veja também Jo. 14:2.) A cidade santa será a cidade onde nenhuma mentira será pronunciada em centenas de milhares de anos, nenhuma palavra torpe será dita, nenhum negócio escuso não será nem sequer discutido, nenhuma figura imunda, jamais será vista, nenhuma espécie de corrupção jamais será manifestada. Será santa porque todos os seus habitantes serão santos.
3,4. Como em muitas outras passagens do livro do Apocalipse, temos no versículo 3 a consumação e conclusão perfeitas do grande tema divino – tabernaculando entre os homens. A palavra grega que aqui foi traduzida para tabernáculo é à mesma da tradução grega das passagens do V.T. descrevendo o Tabernáculo, onde também somos informados de que no Santo dos Santos Deus se encontraria com o Seu povo (Lv. 26:11 e segs.). Esta é a palavra em sua forma verbal que foi usada por João em sua inicial descrição da Encarnação: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo. 1:14).
Desta vez o tabernáculo permanece; desta vez não haverá separação entre Deus e o Seu povo, um fato que parece que vai ser imediatamente introduzido (Ap. 21:3). Aqui, também, está a certeza da eliminação dos cinco aspectos trágicos da vida humana: lágrimas, morte, pranto, clamor e dor (v. 4). A Bíblia não nega a realidade da dor e da morte, mas nos dá a certeza de que virá o dia, pela graça de Deus, quando, para o crente, essas coisas não existirão mais.
5. Alguns têm sugerido que neste versículo, pela primeira vez no Apocalipse, quem fala é o próprio Deus. Há certamente grande significado no fato de que neste livro, mais do que em todos os outros do N.T., a verdade do que foi revelado aqui está sendo enfatizada. "Deus autentica Sua própria declaração magnífica. Ele exige nossa atenção, e requer nossos corações e nossa aquiescência incondicional" (Walter Scott, op. cit., pág. 404). Fiel e Verdadeiro, além de caracterizar a Palavra escrita (e falada), também caracteriza a Palavra Encarnada (19:9; 21:5).
6,7. Novamente temos o título de Cristo, o Alfa e o Ômega, que são a primeira e a última letra do alfabeto grego, indicando que Cristo já era antes do universo que foi criado por Ele, e será até o fim dos séculos, pois todas as coisas se consumarão nEle.
8. Chegamos agora a algo que realmente não esperávamos encontrar na descrição da Cidade Santa, isto é, uma indicação das categorias de pecadores que não estarão ali, mas antes se encontrarão no lago que arde com fogo e enxofre. São palavras terríveis. Se aceitamos com entusiasmo e ação de graças as promessas deste livro, temos também de crer em suas solenes advertências. Lang chama a atenção para a frase, "sua parte", comentando que "o coração pode desejar que a visão termine nas radiosas alturas, mas, em vez disso, ela mergulha nas profundezas".
Uma Descrição da Cidade Santa. 21:9-23.
12-21. A Cidade tem doze portas, com o nome de uma das doze tribos de Israel em cada uma delas, sendo cada porta guardada por um anjo. A parede repousa sobre doze fundamentos, o que parece indicar doze seções nos alicerces, e sobre cada uma delas o nome de um dos doze apóstolos. O comprimento, largura e altura da cidade é de doze mil estádios ou seja, cerca de 2.400 quilômetros.
Isto pareceria, à primeira vista, o formato de um cubo, mas eu prefiro seguir a Simcox e muitos outros, crendo que a estrutura era piramidal. A palavra traduzida para rua, platéia, significa literalmente um lugar espaçoso; dessa palavra deriva a nossa praça. Os muros são feitos de jaspe, a cidade é de ouro, as portas são pérolas, e os alicerces são doze pedras preciosas. (Para um estudo da possível população de uma cidade deste tamanho, veja o notável ensaio de F.W. Boreham, Wisps of Wildfire, págs. 202-212).
J.N. Darby raramente dizia que não sabia o significado de uma passagem das Escrituras, mas em relação a estas pedras, ele escreveu lima vez: "A diferença das pedras contém detalhes que estão acima do meu conhecimento" (Collected Writings, Volume V, pág. 154).
"Se compararmos as cores das pedras dos alicerces com as do arco-íris", diz Govett (op. cit., in loco), "descobriremos, creio eu, uma semelhança esquematizada, embora, por causa da nossa ignorância em relação às pedras preciosas, não possamos chegar a nenhuma conclusão aproximada ou satisfatória.
As pedras, então, com as suas cores, e os matizes do arco-íris, são os seguintes:
22,23. João prossegue dizendo que a cidade não tem templo, e que é tão brilhantemente iluminada pela glória de Deus que não tem necessidade da luz do sol ou da lua, embora eles permaneçam brilhando.
"Uma vez que os homens aqui habitam sob as condições da vida terrena, não podem passar sem templos, o lugar, a hora, os pensamentos demarcados para Deus, o lugar onde aprendemos o segredo da percepção de Sua presença na vida, o tempo quando reclamamos e proclamamos a comunhão com Ele, os pensamentos que, com determinação, dirigimos para a manifestação do Seu amor em Cristo, e da Sua vontade no dever. Mas ali não haverá templo; pelo simples motivo de -que não é necessário. Aquilo que agora precisa ser separado do mundo e reservado para Deus – sim, e mantido com determinação e força de vontade contra as hostes invasoras – expandiu-se ali até cobrir todos os setores da experiência e atividade humanas. A presença de Deus já não precisa mais ser buscada; é conhecida; é sentida, universal e impregnando tudo como a luz do dia" (C. Anderson Scott, op. cit., in toco).
Nosso texto não diz que não haverá sol ou luz na eternidade, mas que não precisaremos da luz do sol e da lua, pois a própria glória de Deus vai iluminar a cidade. Assim como precisamos de uma vela de noite, mas não ao meio-dia, quando o sol está brilhando, assim precisamos do sol e da lua em nosso atual estado de existência, mas não precisaremos mais deles na presença de Deus, que é a verdadeira luz.
Aqueles Que Entrarão na Cidade. 21:24-27.
24-26. O parágrafo que abrange estes três versículos é extremamente difícil de interpretar. Quem são estas nações que andarão à luz da Cidade Santa, e quem são os reis da terra que trarão sua glória para ela? Govett provavelmente está certo ao dizer: “Por ‘reis da terra’ entendamos os reis das nações. Assim como as nações foram agora transferidas para o novo mundo, também têm reis. Subordinação à hierarquia é uma parte do esquema permanente de Deus para a eternidade. Eles são chamados de ‘reis da terra’ para distingui-los dos reis da cidade. Pois há duas categorias de reis: aqueles que foram feitos reis e sacerdotes diante de Deus mediante o sangue de Jesus, que ressuscitaram dos mortos e habitam com Deus; e aqueles que são homens na carne, e vivem entre as nações fora da metrópole. Os cidadãos são reis dos reis e ‘reinarão para todo o sempre’ (22:5). Os reis das nações, então, sentindo a sua inferioridade, e desejosos de comparecer à presença de Deus e Seus servos ressuscitados, trazem presentes”.
27. Aqui está uma das declarações mais tranqüilizadoras, confortadoras e cheias de esperança de toda a Bíblia: entrarão na cidade aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida do Cordeiro. Dois fatores terríveis, inescapáveis, não permitem que homem algum entre na Cidade Santa – o pecado e a morre. É o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e é o Filho de Deus que nos dá a vida em vez da morte. Estar inscrito no Livro da Vida do Cordeiro é estar redimido pelo Cordeiro de Deus.
Fonte: Apocalipse (Comentário Bíblico Moody)
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